Cotado para a eleição presidencial de 2026 como representante da direita, Zema manteve relação ambígua com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) desde sua primeira eleição para o Governo de Minas Gerais, em 2018.

Após se apresentar como candidato bolsonarista, o mineiro teve momentos de distanciamento e reaproximação com o ex-mandatário, buscando atrair o eleitorado conservador sem trazer junto a rejeição a Bolsonaro. Nesta quarta-feira (4), defendeu o ex-presidente e disse que lhe dará anistia se for eleito para o Palácio do Planalto.

Veja a seguir os principais capítulos da relação dos dois.

Bolsozema

Zema foi uma das principais surpresas das eleições em 2018, saindo da eleição para governador de Minas Gerais de um esquecido terceiro lugar para a vitória no segundo turno com mais de 70% dos votos.

A virada se desenhou quando ele se ligou à figura de Bolsonaro em um debate realizado pela TV Globo. Naquela eleição, seu partido, o Novo, tinha João Amoêdo na corrida ao Palácio do Planalto.

“Aqueles que querem mudança, com certeza, podem votar aí nos candidatos diferentes, que são o Amoêdo e o Bolsonaro”, disse Zema na ocasião. No segundo turno, foi ainda mais a fundo na adesão ao bolsonarismo, adotando o bordão “Bolsozema”.

Vaivém na pandemia

Em abril de 2020, no início da pandemia de Covid, Zema disse haver um “movimento exacerbado” contra aparições públicas de Bolsonaro que provocavam aglomerações no momento em que as autoridades de saúde defendiam o isolamento social.

O governador afirmou que poderia não compartilhar da mesma opinião do então presidente, mas que ele tinha direito de fazer o que fazia. Pouco depois, declarou que o Brasil estava entre os países que melhor conseguiram administrar a pandemia.

A pandemia se agravou e, em março de 2021, Zema pela primeira vez adotou medidas restritivas para todos os municípios do estado. Afirmou que “o governo federal subestimou a periculosidade” do vírus, ao qual deveria ter dado mais atenção, no que classificou como “uma deficiência”.

Naquele momento, Minas vivia um momento crítico, e havia registrado 500 mortes por Covid em um único dia. Em abril de 2021, em entrevista à Folha, o governador manteve críticas à condução por Bolsonaro, principalmente à falta de um ministro de Saúde com autonomia, mas disse ver “certa perseguição” contra o então presidente.

Apoio no 2º turno de 2022

Zema anunciou apoio a Bolsonaro contra Lula (PT) dois dias depois do primeiro turno da eleição presidencial de 2022. “Em muitas coisas convergimos e em outras, não, mas é momento em que Brasil precisa caminhar para frente e eu acredito muito mais na proposta do presidente Bolsonaro do que na proposta do adversário”, disse na ocasião.

À Folha afirmou dias depois que “o presidente Bolsonaro é muitas vezes impulsivo nas suas falas, mas nunca vi uma fala fazer um país democrático deixar de sê-lo”.

Silêncio sobre indiciamento

Com o aprofundamento das investigações sobre a trama golpista de 2022, Zema seguiu a cartilha adotada desde as últimas eleições presidenciais, quando passou a lançar sinais trocados, entre acenos e distanciamento, sobre sua relação com o bolsonarismo.

Em 2024, após ter comparecido em fevereiro ao ato na avenida Paulista promovido por Bolsonaro, o governador chegou ao fim do ano sem se manifestar sobre o indiciamento do ex-presidente por suspeita de participação em plano de golpe de Estado orquestrado em 2022.

Em julho, ao comentar o indiciamento do ex-presidente no caso das joias, Zema disse à Folha que a relação entre eles era boa e saiu em defesa do ex-presidente.

Nas eleições municipais, porém, quando Bolsonaro esteve duas vezes em Belo Horizonte para apoiar Bruno Engler (PL), Zema não participou dos atos de campanha.

Candidatura própria e indulto

Pré-candidato à Presidência, Zema abraçou a agenda conservadora e, em entrevista à Folha, colocou em dúvida a existência da ditadura militar e prometeu dar indulto a Bolsonaro caso o ex-presidente seja condenado.

Ele afirmou que não disputaria a eleição contra Bolsonaro, mas não descartou sua candidatura caso um dos filhos ou a mulher do ex-presidente concorra em 2026.



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