A Venezuela voltou atrás da decisão de cobrar tarifas de até 77% sobre produtos brasileiros, restabelecendo a isenção prevista no Acordo de Complementação Econômica (ACE-69). A medida, considerada um ataque ao comércio bilateral, afetava diretamente os exportadores de Roraima e provocou forte pressão diplomática por parte do governo brasileiro.
Segundo o governo venezuelano, a cobrança foi causada por uma “falha no sistema aduaneiro Sidunea“, que impediu o reconhecimento automático dos certificados de origem emitidos pelo Brasil. A partir de 28 de julho de 2025, a isenção foi restabelecida oficialmente, e os certificados voltaram a ser aceitos normalmente.
Roraima pressionou e Itamaraty agiu
A crise tarifária se instalou após relatos de exportadores brasileiros que tiveram seus produtos tributados de forma inesperada em até 77%, mesmo com toda a documentação regular. A Federação das Indústrias do Estado de Roraima (FIER) e o governo estadual denunciaram o caso e cobraram a intervenção do Itamaraty.
O Ministério das Relações Exteriores, por meio da Embaixada do Brasil em Caracas, iniciou diálogos com autoridades venezuelanas. O recuo ocorreu dias depois, com Caracas atribuindo a situação a um “erro técnico” e não a uma decisão política.
Exportadores retomam fluxos com alívio
A Venezuela é um dos principais destinos das exportações de Roraima, representando cerca de 70% da balança comercial do estado. Somente em 2024, foram mais de US$ 145 milhões em vendas, principalmente de produtos como farinha, açúcar, margarina, cacau e cana-de-açúcar.
Com a normalização do sistema, os exportadores puderam retomar suas operações comerciais com isenção total, conforme previsto pelo ACE-69. A FIER afirmou que segue monitorando o cumprimento integral do acordo e alertou que novas ocorrências serão formalmente reportadas.
Após tentar impor tarifas de até 77% sobre produtos brasileiros, a Venezuela recuou diante da pressão diplomática e restabeleceu o comércio conforme os termos originais do tratado bilateral. O caso escancarou a fragilidade do relacionamento comercial com países ideologicamente aliados e a importância de uma atuação firme por parte do governo brasileiro na defesa dos interesses nacionais.
A crise foi contida. Mas o alerta está dado.