O tema do tráfico e exploração sexual de crianças na Ilha do Marajó, no Pará, ressurgiu com força nas redes sociais neste mês, impulsionado por discussões sobre a “adultização” de menores – um fenômeno que envolve a exposição precoce de crianças a conteúdos e comportamentos adultos, muitas vezes com conotações de sexualização.
O debate ganhou tração após um vídeo viral do influenciador Felca, que expôs perfis de crianças no Instagram e TikTok com postagens que atraem pedófilos, incluindo comentários codificados e interações predatórias.
Em apenas seis dias, as denúncias de pornografia infantil na ONG SaferNet aumentaram em 114%, e 32 projetos de lei foram apresentados na Câmara dos Deputados para combater o uso indevido de imagens de menores.
A Ilha do Marajó, conhecida por suas vulnerabilidades sociais e econômicas, tem sido palco de denúncias recorrentes sobre tráfico humano e abuso infantil.
Em 2023 e 2024, a ex-ministra Damares Alves chamou atenção para casos extremos, como crianças com dentes arrancados para facilitar abusos ou alimentadas com comida pastosa para “preparar” o corpo para explorações sexuais – alegações que, embora contestadas por algumas autoridades locais como exageradas, destacam a gravidade do problema na região.
O governo federal, durante a gestão Lula, promoveu ações em 2024 para combater a exploração, focando em cidadania e direitos fundamentais na área. Mais recentemente, em junho de 2025, a Comissão de Direitos Humanos do Senado visitou o Marajó para investigar o desaparecimento da menina Elisa Rodrigues, ocorrido em 2023, e outras denúncias de tráfico, confirmando que o issue persiste.
Nas redes sociais, especialmente no X (antigo Twitter), usuários conectam a adultização online ao contexto offline do Marajó, criticando o que veem como seletividade política.
Muitos acusam partidos de esquerda, como o PT, de se oporem a uma CPI sobre exploração infantil na ilha em 2024 – proposta que não recebeu assinaturas de deputados como Guilherme Boulos, Tabata Amaral e Erika Hilton –, mas agora defenderem regulamentações das redes sociais sob o pretexto de proteger crianças.
Postagens virais questionam: “Por que o turismo sexual e desaparecimentos no Marajó não recebem a mesma atenção que a adultização nas redes?” Críticos argumentam que o foco em censura digital ignora problemas reais, como sequestros e rituais em áreas pobres.
O Senado planeja ouvir representantes de plataformas digitais sobre o tema, enquanto o governo federal reforça parcerias para combater crimes sexuais online. No entanto, o debate permanece polarizado, com acusações de que a “proteção às crianças” é usada para agendas políticas, como a promoção de censura ou discussões sobre aborto. Especialistas alertam que, sem ações integradas entre o mundo virtual e o real, vulnerabilidades como as do Marajó continuarão a ser exploradas.