Nem os mais desanimados conseguem apagar a sorte que Parauapebas tem. A cidade, que já viu muitas vezes a boataria de que o minério vai acabar, segue desafiando o pessimismo com a força da sua vocação mineral. Tem gente que se antecipa à maré baixa, vende o que tem e pega o beco de volta para sua terra natal. Mas, como quem conhece o xadrez da mineração já aprendeu, Parauapebas é dessas que caem de um lado e levantam do outro.
E quando o minério parece esfriar, eis que surge mais uma novidade quente, direto da capital mundial dos investimentos em mineração: Vancouver, Canadá. É lá que agora está a sede da Ero Copper, mineradora que acaba de anunciar oficialmente, um passo firme rumo à instalação de uma nova mina no coração da Província Mineral de Carajás, em plena Parauapebas.
A empresa concluiu a Fase 1 do programa de perfuração no chamado Projeto Furnas, situado ali próximo da Vila Valentim Serra, comunidade que conhece de perto a movimentação do projeto e já anda de olho nos novos tempos que podem chegar com ele.
Segundo a Ero, os resultados obtidos em cerca de 10 mil metros de perfuração são animadores: continuam demonstrando a presença de zonas mineralizadas de alto teor de cobre e ouro (superiores a 1% CuEq), com potencial para operações subterrâneas de grande escala.
E não para por aí: já está em andamento a Fase 2, com pelo menos mais 17 mil metros de perfuração programados. O objetivo agora é ir mais fundo, literalmente e ampliar o entendimento sobre a continuidade e a extensão da mineralização.
Makko DeFilippo, presidente e CEO da empresa, foi direto ao ponto: “Estender a mineralização de alto teor a uma profundidade de aproximadamente 730 metros, demonstrando forte continuidade de alto teor, é um passo importante para nos permitir avaliar a escala potencial de uma futura operação de mineração em conjunto com nossos parceiros da Vale Base Metals”.
O projeto tem localização estratégica: está a cerca de 50 km das operações de Salobo (da Vale Base Metals) e 190 km de Tucumã, onde a própria Ero também tem operações. O terreno de 2.400 hectares está pertinho de uma infraestrutura já consolidada: estrada asfaltada, energia, planta de cimento e até o terminal ferroviário da Vale.
Outro detalhe importante: a Ero assinou um acordo com a Salobo Metais S.A., subsidiária da Vale Base Metals, para conquistar 60% de participação no projeto Furnas. A mineradora canadense vai bancar toda a fase de exploração, engenharia e desenvolvimento ao longo de cinco anos. E mais: a Vale ainda terá direito a até 11% de participação “free carry” nas despesas futuras para a construção da mina.
No final das contas, enquanto muitos duvidam, a Capital do Minério segue se reinventando. Tem mina nova a caminho, tem investimento estrangeiro chegando, e tem, sobretudo, aquela velha sorte que parece nunca faltar por aqui.
Parauapebas, mais uma vez, deu a volta por cima.