A campanha orienta a sociedade para a importância de garantir direitos e dignidade às pessoas com mais de 60 anos
O Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa, celebrado em 15 de junho, reforça a necessidade de enfrentamento a esse tipo de violação. No Pará, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) alerta para o crescimento dos casos de violência contra pessoas idosas e reforça à sociedade os canais oficiais para denúncias de abusos como violências física, psicológica, patrimonial, sexual, abandono, negligência e discriminação.
De acordo com dados do Disque 100, do governo federal, as denúncias de violência contra idosos no Pará mais que dobraram nos últimos anos, passando de 1.520 registros em 2020 para 2.811 em 2024. Somente entre janeiro e maio deste ano, já foram contabilizadas 1.229 ocorrências.
Outro levantamento, feito pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), mostra que os registros saltaram de 474 notificações em 2020 para 593 em 2023, apesar de uma redução de 21% entre o ano passado e 2024. Neste ano, o Sinan já notificou 144 casos no Pará, sendo 78 por violência física, 31 por violência psicológica e moral, 23 por negligência e abandono e 6 por violência financeira.
Para o coordenador do Programa Estadual de Saúde do Idoso da Sespa, Amujacy Tavares, identificar o tipo de violência é fundamental para o registro correto e para garantir o encaminhamento adequado. “É muito importante que a população saiba reconhecer os sinais de violência e entenda como agir. Isso pode fazer toda a diferença no atendimento e proteção dessas pessoas”, destacou.
Segundo ele, um dos desafios é estimular os idosos a buscarem ajuda. “Muitos enfrentam isolamento social, medo ou sentimento de culpa, o que dificulta as denúncias. Esses maus-tratos podem causar danos emocionais, físicos e até mesmo levar a um óbito precoce”, alertou.
Atualmente, o Pará conta com uma população estimada de 876.332 pessoas com mais de 60 anos, o equivalente a 10,79% da população do estado — sendo 421.262 homens e 455.070 mulheres, segundo o DataSUS.
Desafios e ações – Amujacy destaca ainda que, além das situações ocorridas no ambiente familiar, há idosos ativos, autônomos e expostos a outros tipos de violência nos espaços públicos, no trabalho e até em relações afetivas. “Essas pessoas precisam de políticas públicas que estejam alinhadas com o aumento da expectativa de vida e as novas realidades dessa população”, afirmou.
Como parte da mobilização da Sespa pela data, estão sendo divulgadas campanhas educativas nas redes sociais da secretaria, com informações sobre os principais tipos de violência e orientações sobre os canais para denúncia: Conselho do Idoso, Ministério Público, Delegacia de Polícia e Disque 100. São essas instituições que garantem medidas protetivas e responsabilização dos agressores.
Outra ação será a intensificação da qualificação de profissionais de saúde municipais para o correto preenchimento das fichas de notificação compulsória de violência contra idosos, conforme previsto no artigo 19 do Estatuto do Idoso. “Esses dados ajudam a mapear o problema, fortalecer as redes de proteção e orientar a formulação de políticas públicas”, explicou Amujacy.
A Sespa também orienta que as equipes de saúde estejam atentas a sinais indiretos de violência, busquem conhecer as relações familiares e sociais dos pacientes idosos e ofereçam assistência adequada a cada caso.
Essas ações integram a campanha Junho Violeta, dedicada à conscientização sobre o respeito à pessoa idosa e ao combate à violência que ainda atinge milhões de brasileiros acima de 60 anos.
Canais de denúncia:
– Disque 100 – Central de atendimento a violações de direitos humanos
– Delegacias de Polícia
– Ministério Público
– Conselhos do Idoso
Serviço:
Os canais de denúncias para a violência contra a pessoa idosa, podem ser feitos pela Delegacia de Proteção à Pessoa Idosa, localizada na rua Domingos Marreiros, 2019, entre Castelo Branco e José Bonifácio, por meio do telefone (91) 988024750. A população pode também acessar o canal do 190 do Ciop, para chamadas de urgências e o canal do Disque-Denúncia, o Disque 100.