O PSDB, que aprovou nesta terça-feira (29) fusão com o Podemos, foi oficialmente fundado em 1988, em um contexto político da redemocratização, por líderes como José Serra, Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas.

O tucano foi o símbolo escolhido para representar o novo partido, surgido a partir da dissidência de uma ala mais à esquerda do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), que vinha recebendo um fluxo de políticos mais conservadores.

Ao longo de 36 anos de história, o PSDB elegeu Fernando Henrique à Presidência e esteve no Governo de São Paulo por 28 anos seguidos. Alcançou também bancadas expressivas no Congresso, mas foi perdendo espaço após a ascensão da direita bolsonarista, na década passada.

Relembre alguns dos principais marcos da história do partido:

José Serra e o início do PSDB

A candidatura de Serra à Prefeitura de São Paulo em 1988 foi a primeira disputa eleitoral significativa do PSDB em sua história. Enfrentando desconhecimento na capital, ele chegou em quarto lugar à disputa de turno único, vencida por Luiza Erundina, do PT.

Primeira disputa presidencial

Em 1989, um ano após a fundação do partido, os tucanos lançaram Mário Covas à disputa presidencial. Ele ficou em quarto lugar, e Fernando Collor (PRN) saiu vitorioso. O PSDB teve dificuldades para eleger governadores e senadores e houve ainda queda na bancada de deputados da sigla. No segundo turno, o partido apoiou Lula contra Collor.

Plano Real e a vitória na Presidência

Durante o governo Itamar Franco, em 1992, Fernando Henrique Cardoso, filiado ao PSDB, assumiu o Itamaraty. Depois de oito meses no cargo, foi para a Fazenda para dar início ao Plano Real. Com o sucesso da política econômica em combater a hiperinflação, FHC concorreu e venceu as eleições para a Presidência de 1994, em primeiro turno, com Lula em segundo lugar.

Nacionalização da sigla nas eleições de 1994

O Plano Real ajudou os tucanos também a avançar na Câmara, no Senado e nos governos estaduais. O partido elegeu, dentre outros nomes, Serra como senador e Covas como governador de São Paulo, ao lado de Geraldo Alckmin na vice.

Reeleição de cargos do Executivo

Em 1997, durante o governo FHC, foi aprovada a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) da reeleição, que permitiu o segundo mandato do então presidente e de outros chefes do Executivo em 1998. A Folha revelou que houve compra de votos para aprovar a emenda na Câmara.

Aécio na Presidência da Câmara dos Deputados

O segundo mandato de FHC foi marcado por crises econômicas, o que fez com que o PSDB passasse por dificuldades com a base aliada na Câmara. Com isso, Aécio Neves, então líder da bancada tucana, passou a formar alianças com outros partidos. Foi o único tucano a chefiar a Casa.

Eleição de 2002 e a perda da Presidência

O PSDB apostou em José Serra para a eleição de 2002. O tucano chegou a disputar a Presidência com Lula em segundo turno, mas perdeu. Ainda assim, o partido manteve o Governo de São Paulo e venceu também as disputas pelos de Minas Gerais, Goiás, Pará, Ceará, Paraíba e Rondônia.

Alckmin se lança ao Planalto

Alckmin foi o candidato tucano à Presidência em 2006. Apesar de seu bom desempenho no primeiro turno, quando chegou a 41,5% dos votos válidos contra 48,6% de Lula, o petista se reelegeu, ainda que em meio ao escândalo do mensalão.

Serra tenta novamente a Presidência

Em 2010, como principal polo da oposição ao PT, o PSDB lançou Serra outra vez à Presidência. Perdeu para Dilma Rousseff (PT) em segundo turno. Nas disputas estaduais, elegeu mais uma vez Alckmin em São Paulo.

Adesão ao governo Temer

Em 2014, o PSDB tentou voltar ao Palácio do Planalto com Aécio, mas perdeu a disputa novamente para Dilma, por pequena margem. Em 2016, a petista sofreria impeachment, e Michel Temer (MDB) assumiu a Presidência. Diversos tucanos compuseram a gestão do emedebista, entre os quais Serra no cargo de ministro das Relações Exteriores.

A chegada de João Dória

Levado ao PSDB por Alckmin, João Doria disputou e ganhou a eleição para a Prefeitura de São Paulo em 2016 no primeiro turno. Chegou a se articular para ser o candidato do partido à Presidência em 2018 no lugar do seu padrinho político, mas Alckmin prevaleceu e foi o nome tucano para o Planalto.

Doria renunciou ao cargo de prefeito para concorrer ao Governo de São Paulo. Indispôs-se com Alckmin ao acenar a Jair Bolsonaro em busca do voto conservador. Chegou a lançar o slogan “BolsoDoria” e venceu a disputa no segundo turno contra Márcio França (PSB).

Alckmin teve apenas 4,76% dos votos, a pior votação já obtida pelo PSDB em disputas presidenciais.

Em 2020, Bruno Covas, que havia assumido a Prefeitura de São Paulo com a saída de Doria, candidatou-se à reeleição e venceu. Visto como uma possível nova liderança do partido, morreu em 2021 em decorrência de um câncer.

Derrocada em 2022

Para a eleição de 2022, o PSDB chegou a fazer prévias para escolher entre o gaúcho Eduardo Leite e Doria para disputar a Presidência. O então governador de São Paulo venceu, mas, em meio a divisões internas e com mau desempenho nas pesquisas, acabou desistindo da candidatura.

O partido então participou do pleito com Mara Gabrilli como vice de Simone Tebet (MDB). Tebet não foi ao segundo turno e, diante da disputa contra Bolsonaro, apoiou Lula, como fizeram também alguns tucanos como FHC e Serra.

Além do fracasso na Presidência, o partido teve resultados ruins também nos estados, tendo eleito apenas Eduardo Leite no Rio Grande do Sul, Eduardo Riedel em Mato Grosso do Sul e Raquel Lyra em Pernambuco.

O principal revés da legenda foi na disputa pelo Governo de São Paulo, em derrota que marcou o fim de 28 anos de administração tucana no estado. Na oportunidade, Rodrigo Garcia não foi ao segundo turno, e Tarcísio de Freitas (Republicanos) se elegeu.

Mesmo diante da perda de força política do partido, o PSDB ainda tentou lançar José Luiz Datena à Prefeitura de São Paulo em 2024, embora parte dos tucanos tenha apoiado Ricardo Nunes (MDB). O apresentador de TV alcançou apenas 1,84% dos votos, pior resultado da sigla na história para o cargo, e ainda ficou marcado pela cadeirada que deu em Pablo Marçal (PRTB) durante debate na TV.



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