Valor do combustível se estabiliza acima de R$ 6 em junho de 2025, segundo dados oficiais da ANP, com leve recuo em relação a maio. Estados do Norte apresentam os maiores preços – ultrapassando R$ 7,00 por litro – enquanto regiões Sul e Sudeste têm os menores valores. A gasolina comum está cerca de 3% mais cara do que em junho de 2024, apesar da recente redução anunciada pela Petrobras. Entenda os motivos por trás da variação: da política de preços da Petrobras à cotação do petróleo, impostos e câmbio.

Preço médio nacional em junho de 2025

O preço médio nacional da gasolina comum oscila em torno de R$ 6,20 por litro no início de junho de 2025, de acordo com levantamentos oficiais da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Na última semana de maio, antes dos ajustes mais recentes, a média nos postos brasileiros foi de R$ 6,27/litro. Com a redução de R$ 0,17 no preço da gasolina A nas refinarias da Petrobras – anunciada em 3 de junho – espera-se um repasse de aproximadamente R$ 0,12 por litro ao consumidor. Caso esse desconto seja integralmente aplicado nas bombas, o valor médio da gasolina comum pode ficar em torno de R$ 6,15 a R$ 6,16/litro nas próximas semanas.

Essa leve queda em junho reflete uma tendência de acomodação dos preços após altas registradas no início do ano. Em fevereiro de 2025, por exemplo, a gasolina alcançou em média R$ 6,35/litro, o maior patamar desde o início do governo Lula, impulsionado pela retomada de impostos estaduais (ICMS). Desde então, o combustível apresentou pequenas reduções: em maio, o preço médio nacional (R$ 6,27) já era 0,63% inferior ao da última semana de abril (quando estava em R$ 6,31). Agora, com o corte promovido pela Petrobras, a expectativa é de um alívio adicional no bolso do consumidor.

Estados com gasolina mais cara e mais barata

A análise regional mostra fortes discrepâncias nos preços da gasolina pelo Brasil. Entre os estados, o Acre segue registrando o preço médio mais alto do país, atualmente em torno de R$ 7,30 por litro – ultrapassando a barreira de R$ 7 e refletindo custos elevados de distribuição na região Norte. Já o Distrito Federal e os estados do Sudeste apresentam alguns dos menores valores médios. São Paulo, por exemplo, tem gasolina comum em torno de R$ 6,15/litro, figurando entre os preços mais baixos do Brasil. Em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, as médias giram na faixa de R$ 6,20 a R$ 6,30 por litro, situando-se também abaixo da média nacional.

Nas regiões Sul e Centro-Oeste observam-se preços intermediários. Estados como Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul exibem gasolina na casa de R$ 6,20/litro, enquanto Goiás, Mato Grosso e alguns estados do Nordeste ficam um pouco acima, em torno de R$ 6,30 a R$ 6,60 por litro. No Nordeste, de modo geral, os valores têm convergido próximos à média: grandes consumidores como Bahia, Pernambuco e Ceará registram preços médios entre R$ 6,30 e R$ 6,40.

A seguir, a tabela resume o preço médio estimado da gasolina comum por unidade da federação em junho de 2025, com base nos dados mais recentes da ANP (valores aproximados):

EstadoPreço médio (R$/L)
AcreR$ 7,30
AlagoasR$ 6,40
AmapáR$ 6,70
AmazonasR$ 6,50
BahiaR$ 6,40
CearáR$ 6,30
Distrito FederalR$ 6,20
Espírito SantoR$ 6,20
GoiásR$ 6,30
MaranhãoR$ 6,40
Mato GrossoR$ 6,60
Mato Grosso do SulR$ 6,20
Minas GeraisR$ 6,25
ParáR$ 6,40
ParaíbaR$ 6,30
ParanáR$ 6,20
PernambucoR$ 6,30
PiauíR$ 6,35
Rio de JaneiroR$ 6,30
Rio Grande do NorteR$ 6,40
Rio Grande do SulR$ 6,30
RondôniaR$ 6,55
RoraimaR$ 6,70
Santa CatarinaR$ 6,25
São PauloR$ 6,15
SergipeR$ 6,35
TocantinsR$ 6,30

Entre as capitais, a situação é semelhante. Rio Branco (AC) possui a gasolina mais cara nas capitais brasileiras – em meados de 2024 já chegava a R$ 6,97/litro e atualmente está na faixa de R$ 7,20. Na outra ponta, São Paulo (SP) e João Pessoa (PB) estão entre as capitais com valores mais baixos, girando perto de R$ 6,10 a R$ 6,20 por litro. Em junho de 2024, São Paulo já se destacava como capital com combustível mais barato (média de R$ 5,77/L), enquanto Rio Branco liderava com o maior preço (R$ 6,88/L). Essa diferença de quase R$ 1,10 por litro entre as regiões se mantém em 2025 – e até se acentuou –, evidenciando fatores locais como logística e tributação regional. Estados do Norte e Centro-Oeste (caso de Acre, Amapá, Roraima e Mato Grosso) tendem a ter preços mais altos, ao passo que estados do Sul e Sudeste (a exemplo de São Paulo, Paraná e Santa Catarina) continuam com os menores valores médios de gasolina comum no país.

Comparação com meses anteriores e junho de 2024

Em termos de evolução, o valor da gasolina em junho de 2025 está cerca de 3% a 4% acima do registrado no mesmo período de 2024. No fechamento de junho de 2024, o preço médio nacional era de aproximadamente R$ 6,02/litro – praticamente estável em relação a maio daquele ano, refletindo a tendência de estabilização no primeiro semestre de 2024. De lá para cá, a gasolina comum acumulou um aumento em torno de 7% em 12 meses, de acordo com levantamentos da ANP, embora parte desse percentual tenha sido compensada pela recente queda pontual.

A trajetória dos últimos 12 meses foi marcada por altos e baixos. No segundo semestre de 2024, os preços se mantiveram relativamente estáveis, oscilando próximos de R$ 6,00. Em dezembro de 2024, a gasolina fechou o ano com média de R$ 6,15/litro, acumulando alta de 10,2% em relação ao final de 2023 – influência principalmente da recomposição tributária ao longo do ano. Já em janeiro de 2025, os valores se mantiveram nesse patamar até que, em fevereiro, houve um salto para a casa de R$ 6,30-6,35 com o reajuste do ICMS. Conforme mencionado, esse patamar de R$ 6,35 foi o mais elevado desde o início de 2023, marcando o impacto imediato do imposto mais alto.

Evolução do preço médio nacional da gasolina comum (R$/L) de junho/2024 a junho/2025. Nota-se relativa estabilidade no segundo semestre de 2024, seguida por um pico em fevereiro/2025 (após aumento de impostos) e leve tendência de baixa nos meses seguintes.

A partir de março de 2025, observou-se uma leve tendência de queda nos preços. Entre fevereiro e maio, a média nacional cedeu cerca de R$ 0,08 (de R$ 6,35 para R$ 6,27), acompanhando a redução de custos internacionais e entrada da safra de etanol (que barateia o combustível devido à mistura de 27% de álcool anidro). Agora, em junho de 2025, com o corte anunciado pela Petrobras, a expectativa é encerrar o primeiro semestre com preços um pouco menores, possivelmente equivalentes ou ligeiramente abaixo dos de junho do ano passado em termos reais (descontada a inflação). Em suma, na comparação ano contra ano, a gasolina está nominalmente mais cara que em junho de 2024, mas a diferença tende a se reduzir com os ajustes recentes.

Por que a gasolina subiu ou caiu? Entenda os fatores

1. Política de preços da Petrobras: Um dos fatores-chave é a estratégia comercial da Petrobras. Em maio de 2023, a empresa alterou sua política de preços, abandonando a paridade internacional rígida e ganhando mais flexibilidade para praticar valores abaixo das cotações externas. Isso significou períodos de estabilidade nos preços domésticos mesmo quando o petróleo oscilava. Entre julho de 2024 e maio de 2025, por exemplo, a Petrobras manteve inalterado o preço da gasolina A nas refinarias, sem reajustes, o que contribuiu para a estabilidade dos preços ao consumidor nesse intervalo. Em junho de 2025, a estatal promoveu a primeira redução do ano, cortando 5,6% do preço da gasolina A (menos R$ 0,17/L) em resposta às condições de mercado. Segundo a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, a empresa vinha operando com preços dos combustíveis abaixo do preço de paridade internacional, graças à queda do barril de petróleo e à valorização do real nos últimos meses. Essa política de segurar ajustes evitou repasses imediatos das volatilidades externas, mas ao mesmo tempo fez com que o repasse de altas fiscais (como impostos) fosse mais sentido pelo consumidor.

2. Cotação internacional do petróleo: O preço do barril de petróleo Brent – referência mundial – influencia diretamente o custo da gasolina. No último ano, o mercado internacional apresentou alívio: de maio de 2024 a maio de 2025, o Brent caiu de patamares em torno de US$ 75-80 para cerca de US$ 63 no fim de maio/2025. Apenas entre meados de maio de 2025 e o início de junho, houve recuo de 5% na cotação internacional do barril. Essa tendência baixista contribuiu para reduzir o custo de importação de combustíveis e abriu espaço para a Petrobras diminuir os preços internos. Cabe lembrar que, em 2022, o petróleo chegou a superar US$ 100/barril em meio a crises geopolíticas, pressionando muito os combustíveis no Brasil; já em 2023-2024, o mercado arrefeceu. A oferta global mais robusta e sinais de menor demanda permitiram esse alívio nas cotações, refletindo-se agora em preços finais ligeiramente menores na bomba.

3. Câmbio (dólar vs. real): A taxa de câmbio é outro componente crítico. A gasolina é uma commodity precificada em dólar no mercado internacional, de modo que a valorização ou desvalorização do real impacta diretamente o preço em reais. Nos últimos meses, o real brasileiro mostrou fortalecimento relativo frente ao dólar – fator que, combinado com o petróleo em queda, barateou o custo de importação. Em maio de 2025, a Petrobras destacou que a apreciação do real foi um dos motivos para a redução de preços nas refinarias. No sentido inverso, em períodos como meados de 2024, a disparada do dólar encareceu os combustíveis: em julho de 2024, por exemplo, o dólar atingiu níveis recordes naquele ano, aumentando a pressão sobre os preços internos. Assim, a flutuação cambial explica em parte por que a gasolina ficou mais cara no segundo semestre de 2024 e começo de 2025, e por que agora está tendo margem para recuar com a melhora do câmbio.

4. Impostos federais e estaduais: A carga tributária sobre combustíveis passou por mudanças importantes recentemente, afetando o preço final. Em 2022, numa tentativa de conter a inflação, o governo federal zerou temporariamente os impostos PIS/Cofins sobre gasolina e etanol, e um teto foi imposto ao ICMS estadual. Essas medidas derrubaram os preços na segunda metade de 2022 e mantiveram a gasolina artificialmente barata até início de 2023. Contudo, a partir de março de 2023 houve a reoneração gradual dos impostos federais: inicialmente, voltou a incidir cerca de R$ 0,47 por litro de PIS/Cofins na gasolina (reintrodução parcial), e posteriormente a tributação federal foi restabelecida integralmente (aproximando-se de R$ 0,69/L). Essa retomada de impostos contribuiu para a alta acumulada de 2023. Já no âmbito dos estados, o ICMS – unificado nacionalmente em valor fixo por litro – sofreu reajuste em 2023 e novamente em 1º de fevereiro de 2025, quando passou de R$ 1,37 para R$ 1,47 por litro de gasolina. Esse aumento de R$ 0,10 no imposto estadual se traduziu em acréscimo imediato nas bombas (cerca de R$ 0,15, considerando impacto em cascata), elevando a gasolina para os níveis recordes observados em fevereiro. Em suma, a alta de tributos foi o principal fator de pressão de preços no último ano: estima-se que somente a volta dos impostos federais tenha acrescentado em torno de 12% no preço da gasolina entre 2022 e 2023, enquanto o ICMS mais alto adicionou cerca de 2% em 2025. A recente queda de junho, por outro lado, não está ligada a impostos, mas sim aos fatores de mercado já citados.

5. Custos do etanol e mistura obrigatória: Vale lembrar que a gasolina vendida nos postos (gasolina C) contém 27% de etanol anidro misturado. Portanto, a variação no preço do etanol também impacta o custo da gasolina. Durante a entressafra da cana-de-açúcar (no final de 2024 e início de 2025), o etanol hidratado e anidro subiram de preço, pressionando ligeiramente o valor da gasolina. Já no segundo trimestre de 2025, com a colheita da nova safra de cana no Centro-Sul, o etanol ficou mais barato, aumentando sua competitividade e puxando para baixo o preço da gasolina nas bombas. Segundo dados da ANP, o etanol hidratado recuou para cerca de R$ 4,27/litro nas últimas semanas de maio (queda de 0,23%), aliviando parcialmente o custo do combustível fóssil. A paridade média entre etanol e gasolina ficou em torno de 70% no país, tornando o álcool uma opção vantajosa em alguns estados produtores (como São Paulo e Goiás) e, ao mesmo tempo, contribuindo para frear aumentos da gasolina. Em resumo, quando o etanol anidro encarece, eleva o preço da gasolina C; quando barateia, favorece a redução – e foi o que se observou neste início de safra em 2025.

6. Margens de distribuição e outros fatores: Por fim, aspectos locais como custos logísticos, margem de lucro de distribuidoras e revendas e fatores sazonais também influenciam os preços. Em locais isolados ou distantes dos centros de refino (caso do Acre, Amapá e Roraima), os fretes e a menor escala de mercado elevam o valor final do litro. Além disso, diferenças de concorrência entre postos podem resultar em variações: capitais e grandes cidades tendem a ter mais competição e preços ligeiramente menores que em municípios do interior. Houve também casos de refinarias privatizadas (como a Refinaria de Mataripe, na Bahia, e a Refinaria de Manaus, no Amazonas) que, por praticarem estratégias de preços próprias, nem sempre acompanharam as reduções anunciadas pela Petrobras. Nessas regiões com fornecimento por refinadores privados ou importadores, o repasse de quedas recentes pode ser menor, mantendo os preços mais elevados em comparação a locais abastecidos integralmente pela Petrobras.

Em síntese, o preço da gasolina em junho de 2025 reflete um equilíbrio delicado entre fatores internacionais (petróleo e câmbio em relativa baixa), decisões políticas do último ano (retorno de impostos) e condições domésticas (competitividade do etanol, política de preços da Petrobras e logística). O consumidor brasileiro sente no bolso esse balanço: se por um lado paga hoje um valor ainda superior ao de um ano atrás, por outro, evita picos extremos graças à recente conjuntura favorável no mercado de energia. A expectativa para os próximos meses dependerá do comportamento do câmbio, das cotações do petróleo – que seguem voláteis – e de eventuais ajustes tributários ou de política de preços. Por ora, o valor do combustível no Brasil se mantém em patamar elevado, porém com viés de baixa moderada, trazendo um respiro bem-vindo depois das altas do início do ano.

Palavras-chave: gasolina 2025, preço gasolina junho, valor combustível Brasil, Petrobras, ANP, preço médio gasolina, combustíveis, ICMS, Petrobras 2025.

Fontes: Agência Nacional do Petróleo – ANP; Petrobras; Ministério de Minas e Energia; Levantamento de preços semanal (ANP); Monitor de Combustíveis Fipe/Veloe; Tribuna de Minas; O Hoje; Notícia Max; UOL Economia; Brasil 61; Asmetro-SN; Agência Brasil.



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