Com apoio de instituições científicas do Estado, UFPA investe na redução do impacto de resíduos plásticos que degradam principalmente os oceanos

Por Ascom (Governo do Pará)

20/06/2025 09h59

Pela primeira vez realizada na Amazônia, a COP 30 – conferência que reunirá países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) – encontrará em Belém um cenário promissor na busca por soluções sustentáveis. Uma dessas iniciativas é o Projeto “Bioembalagens da Amazônia”, desenvolvido pelo Laboratório de Biossoluções e Bioplásticos da Amazônia (Laba), da Universidade Federal do Pará (UFPA), com apoio do Governo do Estado, por meio da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) e Universidade do Estado do Pará (Uepa).

A partir de dois elementos essenciais na gastronomia paraense – a mandioca e o açaí -, pesquisadores trabalham para reduzir o impacto ambiental causado por resíduos plásticos, que degradam principalmente os oceanos, utilizando os recursos naturais da Amazônia.

O Projeto, que também conta com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), e intervenção da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), visa substituir embalagens derivadas de petróleo por alternativas biodegradáveis, produzidas a partir de amido de mandioca e resíduo do caroço de açaí — matérias-primas abundantes no Pará.

Bioeconomia – “O objetivo é criar protótipos de embalagens sustentáveis, alinhados a políticas públicas de inovação tecnológica e sustentabilidade, reduzindo o descarte inadequado de plásticos convencionais. Além disso, valorizamos recursos naturais locais e fortalecemos a bioeconomia regional”, explica o coordenador da pesquisa, professor José de Arimateia Rodrigues.

O açaí foi escolhido como base devido à sua relevância socioeconômica — o Pará é o maior produtor nacional do fruto, que integra o cardápio diário da maioria da população. Já a mandioca, além de expressiva na agricultura local e também obrigatória na alimentação (principalmente na forma de farinha), é amplamente estudada como matéria-prima para bioplásticos.

O desenvolvimento das embalagens envolve análises físico-químicas, produção de filmes biodegradáveis, testes tecnológicos e criação de protótipos para aplicação industrial.

Contribuição para o planeta – A pesquisa realizada no Pará busca solução para um problema global. Conforme o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), os plásticos representam 85% dos resíduos encontrados nos oceanos. Até 2040, esse volume pode chegar a 37 milhões de toneladas por ano. No Brasil, mais de 3 milhões de toneladas de plástico têm potencial para poluir o meio ambiente anualmente, e a foz dos rios amazônicos é uma das áreas mais críticas.

Estudos da UFPA apontam que 98% dos peixes analisados na Amazônia possuem partículas plásticas em seus organismos. “Esse projeto contribui diretamente para enfrentar essa realidade, promovendo o uso sustentável de resíduos agroindustriais e fortalecendo cadeias produtivas locais”, destaca José de Arimateia Rodrigues.

Conhecimento científico – O projeto também está integrado aos marcos estratégicos do Governo do Pará voltados ao desenvolvimento sustentável, como a Política Estadual sobre Mudanças Climáticas (PEMC), o Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA) e a Estratégia Estadual de Bioeconomia (PlanBio). Além disso, atende a diversos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, como o ODS 12 (Consumo e produção responsáveis), ODS 13 (Ação contra a mudança global do clima), ODS 14 (Vida na água) e ODS 15 (Vida terrestre).

“O conhecimento científico pode ser a base para políticas públicas mais sustentáveis e para um futuro climático mais seguro. Nosso projeto mostra que a Amazônia é também um centro de inovação e soluções sustentáveis, contribuindo diretamente para os debates que antecedem a COP 30”, afirma o coordenador.

Além de contribuir para a preservação ambiental e inovação científica, a iniciativa tem um papel importante na formação de profissionais qualificados. Já participaram do projeto 13 estudantes de graduação, três de mestrado, dois de doutorado e três de pós-doutorado, consolidando o “Bioembalagens da Amazônia” como um polo de excelência acadêmica e científica na região.

Texto da estagiária Alice Mendonça, com supervisão da jornalista Manuela Oliveira



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