Especialistas discutem impactos das emergências climáticas na saúde humana e reforçam a necessidade de ações integradas no contexto da COP30

Por Giullianne Dias (SESPA)

06/06/2025 14h23

A Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) realizou nesta quinta-feira, 6 de junho, o evento “Saúde em Risco: O Impacto das Mudanças Climáticas e Desastres Ambientais na Saúde Humana”, no auditório da sede da secretaria, em Belém. A iniciativa, promovida pela Coordenação de Vigilância em Saúde Ambiental (Visamb), do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e do Trabalhador (Divast), vinculado à Diretoria de Vigilância em Saúde (DVS), integrou a programação da Semana do Meio Ambiente com foco na relação direta entre emergência climática e os impactos crescentes na saúde das populações.

A mesa de abertura contou com a participação da secretária adjunta de Gestão de Políticas de Saúde, Heloísa Guimarães; da diretora da DVS, Rosiana Nobre; da diretora do Divast, Roberta Souza; da coordenadora da Visamb, Virgília Fumian; e representantes do Ministério da Saúde e do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Pará (Cosems-PA).

Durante a abertura, a secretária adjunta Heloísa Guimarães destacou a importância do evento diante da responsabilidade do Pará como sede da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), em 2025.

“A realização deste evento é fundamental para reforçarmos que as mudanças climáticas não são apenas uma questão ambiental, mas uma emergência de saúde pública. Como sede da COP30, temos o dever de liderar com exemplos e fortalecer a vigilância e a resposta aos impactos sanitários causados por enchentes, queimadas, secas e outros eventos extremos. Estamos construindo uma política pública voltada para a justiça ambiental e a proteção da vida”, afirmou.

Mudanças climáticas como emergência – A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e do Trabalhador, Roberta Souza, ressaltou que o objetivo do evento foi alertar gestores e a sociedade sobre os reflexos diretos dos eventos climáticos extremos na saúde.

“Já temos observado com frequência estiagens prolongadas, enchentes e queimadas, que afetam diretamente as populações ribeirinhas, a qualidade do ar, a segurança alimentar e o acesso à água potável. A Sespa atua com o monitoramento desses eventos e com a emissão de boletins de alerta, orientando os municípios sobre como lidar com essas situações e minimizar os danos à saúde”, explicou.

Ela completou destacando a conexão com os temas da COP30. “É fundamental que a saúde esteja integrada a esse debate global, pois estamos falando de doenças respiratórias, infecciosas, desnutrição, saúde mental e outras consequências graves.”

A coordenadora da Visamb, Virgília Fumian, reforçou o papel da vigilância ambiental e a importância da conscientização no contexto da Semana do Meio Ambiente.

“É um momento muito importante, que nos leva a refletir o real sentido da Semana do Meio Ambiente. Vivemos um cenário de emergência climática. Com a proximidade da COP30, é fundamental refletirmos sobre o que podemos fazer, enquanto profissionais de saúde e também enquanto usuários do sistema de saúde, para contribuir com a sustentabilidade do nosso meio ambiente. Os representantes das regionais fazem toda a diferença no nosso trabalho e também junto aos municípios, para que possamos atuar de forma efetiva frente aos programas da vigilância ambiental.”

Articulação entre vigilância ambiental e saúde do trabalhador – A diretora da DVS, Rosiana Cardoso Nobre, destacou a integração entre as diversas áreas da vigilância e o papel transformador de ações educativas como a do evento

“Estamos com estudantes, regionais, o Cosems presente e alguns municípios participando. Esse evento é de uma importância tamanha. A gente percebe que, na história que estamos vivendo há alguns anos, o meio ambiente se coloca para nós, muitas vezes com indiferença ou falta de conhecimento. E isso leva a situações irreversíveis para a saúde pública. São hábitos do dia a dia que causam o adoecimento da população. A Sespa está de parabéns por trazer esse tema tão importante nesse momento em que estamos vivendo.”

Boas práticas e experiências dos municípios – A programação técnica do evento incluiu palestras e apresentações de experiências exitosas.

A pesquisadora Vanessa Cavaleiro Smith abriu os painéis com a exposição “Do Clima ao Corpo: Como Eventos Extremos Afetam a Saúde Humana”, seguida por Marcelo Simões, que abordou os “Desafios dos Desastres Ambientais na Saúde”. Ainda pela manhã, Adilka Cavalcanti falou sobre os impactos visíveis e invisíveis dos desastres na saúde coletiva, e Niccholas Mota apresentou os efeitos do calor na saúde dos trabalhadores.

No período da tarde, os participantes acompanharam relatos de boas práticas e soluções locais de enfrentamento. Entre os exemplos apresentados, destacaram-se o desenvolvimento de cloradores artesanais para desinfecção de água em escolas municipais de Pacajá; a atuação do município de Chaves frente à seca de 2024; e o projeto Salta-Z no Marajó, que levou acesso à água tratada para comunidades isoladas.

Integração e justiça ambiental como prioridade – Os debates abordaram os impactos diretos das mudanças climáticas na saúde da população paraense, como o aumento de doenças respiratórias e cardiovasculares agravadas pela poluição e calor extremo; a expansão de doenças infecciosas como dengue, zika e chikungunya; o risco crescente de insegurança alimentar e desnutrição provocado por secas e perdas agrícolas; além de transtornos mentais relacionados a desastres ambientais, como enchentes e queimadas.

O evento reforçou a importância da integração entre políticas públicas de saúde, meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Também destacou a urgência de fortalecer a resiliência dos sistemas de saúde por meio de ações de prevenção, monitoramento, adaptação climática e justiça ambiental. Ao reunir técnicos, gestores e especialistas em saúde coletiva, o encontro reafirmou o compromisso da Sespa em alinhar as políticas de vigilância em saúde aos desafios do século XXI, no contexto global das mudanças climáticas.



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