Três ministros do governo Lula (PT) criticaram nesta quinta-feira (12) o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), em cerimônia no município de Mariana, na região central do estado.
No evento, foram apresentadas medidas do plano de reparação da tragédia ocorrida em 2015, quando uma barragem da Vale se rompeu no local.
O presidente, que discursou ao final, não citou Zema, que é aliado de Jair Bolsonaro (PL) e tem feito nas últimas semanas ataques ao governo federal.
O ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência, criticou uma entrevista recente em que o governador disse que o mérito do acordo de Mariana é do governo estadual, que fez o acerto para a tragédia de Brumadinho e teria servido de exemplo.
“Ele é muito ingrato. Deveria ir para a TV dizer ‘obrigado pelo que você está fazendo pelo povo de Minas Gerais’. Quando ele for falar mentira do presidente Lula, tem que lavar a boca com água sanitária e se recolher a sua insignificância'”, disse Macêdo.
Já o ministro da Casa Civil, Rui Costa, citou os R$ 25 bilhões a que Minas Gerais tem direito no acordo de reparação de Mariana para falar que o governador tem de trabalhar pelo povo mineiro.
“Se diminuir o tempo que o senhor gasta fazendo vídeo, falando bobagem e comendo fruta com casca, vai ter mais tempo para cuidar do povo de minas”, disse Rui Costa. Zema fez recentemente vídeo em que comia banana com casca para falar da inflação dos alimentos.
Negociado desde o governo Bolsonaro, o acordo de reparação de Mariana foi assinado em outubro do ano passado pelos governos federal, de Minas, do Espírito Santo e representantes de outros Poderes.
Homologado no mês seguinte pelo STF (Supremo Tribunal Federal), o acerto prevê R$ 100 bilhões pagos pelas empresas à União e aos governos estaduais para ações voltadas a municípios e pessoas afetados.
O chefe da AGU (Advocacia-Geral da União), Jorge Messias, citou a poeta mineira Adélia Prado para criticar o governador.
“Tem governante de Minas que não conhece seu povo, não conhece Adélio Prado”, em uma referência à entrevista de Zema em 2023 em uma rádio quando ganhou um livro de Adélio Prado e perguntou se a autora trabalhava na emissora.
Zema disse na quarta, em entrevista à rádio Itatiaia, que não iria às agendas de Lula no estado e que o governo federal se apropria do anúncio de investimentos que são captados pelo governo estadual.
“Primeiro, eu já tinha agendas pré-definidas, difíceis de mudar. Segundo, os eventos do presidente Lula em Minas têm sido eventos de torcida. Então, escolhem a dedo quem vai participar. E, se você não for daquele grupo, muito provavelmente você seria vaiado ali, como já deu para perceber em outras ocasiões”, disse o governador.
O evento em Mariana também serviu para um incentivo de Lula e os ministros à candidatura do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) ao governo de Minas no próximo ano. O presidente chegou a se dirigir a Pacheco como futuro governador, enquanto Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Márcio Macêdo também apoiaram seu nome.
“Se anime, Rodrigo, porque esse estado está doido para se libertar”, disse Macêdo.
Lula tem repetido publicamente que gostaria que Pacheco fosse o candidato apoiado por ele para a sucessão de Zema. O senador, porém, tem preferido aguardar para tomar sua decisão e, segundo interlocutores, não teria demonstrado até o momento empolgação para a disputa.