O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta sexta-feira (16) que não pretende sair do Brasil, que as autoridades podem prendê-lo e que a tentativa de golpe investigada pelas autoridades brasileiras foi “um golpe da Disney”.
“Eu com 40 anos de cadeia no lombo, não tenho recurso para lugar nenhum, eu vou morrer na cadeia. Qual crime? Crime impossível, golpe da Disney. Junto com o Pateta, com a Minnie e com o Pato Donald, que eu estava lá em Orlando, programou esse golpe aí”, disse ao canal AuriVerde Brasil.
Caso seja condenado pelos crimes de que é acusado na denúncia sobre a trama golpista de 2022, Bolsonaro poderá receber pena de mais de 40 anos de prisão.
Ele é acusado dos crimes de liderar organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio público e deterioração de patrimônio tombado.
O ex-mandatário tem argumentado que não seria possível a sua participação no golpe de estado pois estava nos Estados Unidos na época dos ataques golpistas do 8 de janeiro. A argumentação também é importante para a defesa jurídica do político, que já apontou ver o episódio como central para a materialidade do golpe.
Em março, no julgamento que tornou Bolsonaro réu, porém, os ministros Cristiano Zanin e Flávio Dino afirmaram que não necessariamente o acusado precisa ter estado no 8 de janeiro se contribuiu de alguma forma para que o episódio acontecesse.
“Está previsto 40 anos de cadeia. Me prendam. Estou com 70 já, quase morri em uma cirurgia. Vou morrer não vai demorar”, afirmou Bolsonaro.
Bolsonaro voltou a repetir o argumento de que é perseguido pelo “sistema” que teria como objetivo não permitir que ele fosse uma alternativa em 2026.
Ele citou a recente condenação da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), condenada por invasão ao sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e falsidade ideológica, como algo que “não tem cabimento” e comentou também o processo do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), também envolvido na trama golpista, sugerindo que são exemplos de ativismo judicial. “Eu não sei até quando vou resistir”, disse ele aos entrevistados.
A entrevista focou na situação do agro no Brasil. Sobre o tema, o ex-presidente falou ter dado “segurança jurídica” ao setor em seu mandato e que “tirou a força do MST” na época.
Sobre a fraude do INSS, Bolsonaro afirmou que os grandes beneficiados foram os sindicatos, que ele diz não ter recebido durante seu governo, e falou sobre o irmão do presidente Lula estar à frente de um deles, dizendo não estar insinuando nada.
Depois de descoberta a fraude, o ex-presidente admitiu a possibilidade de ter havido corrupção durante o seu governo, ocorrido de 2019 a 2022. Segundo a investigação da Polícia Federal e da CGU (Controladoria-Geral da União), as apurações sobre a fraude começaram em 2019, mas as irregularidades começaram ainda durante o governo de Michel Temer (MDB).
O ex-presidente é réu em um processo que investiga uma trama golpista armada em 2022 para, segundo a PGR (Procuradoria-Geral da República), evitar a posse do presidente Lula (PT). Ele tem investido em uma série de frentes para evitar uma condenação, como o pedido de anistia aos golpistas do 8 de janeiro, além de outras frentes.