Um retrato da ex-vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018, que remete à imagem de Nossa Senhora das Dores semeou a discórdia entre as vereadores Amanda Vettorazzo (União) e Luana Alves (PSOL) na Câmara de Vereadores em São Paulo.
Nesta sexta-feira (23), Amanda foi ao Ministério Público com uma notícia-crime para pedir a instauração de inquérito para investigar se houve crime contra o sentimento religioso.
O retrato faz parte da exposição Mulheres que Resistem à Violência de Estado, que conta com apoio de Luana, e está instalado no saguão de entrada do Palácio Anchieta. A obra feita em bordado é de autoria da médica Maria Goretti.
“Trata-se de uma afronta inaceitável à fé cristã. A imagem fere profundamente a crença católica e jamais deveria estar exposta. Quem decide quem é santo é exclusivamente a Igreja Católica e não o PSOL ou qualquer grupo político”, diz Amanda.
Ao Ministério Público, Amanda escreveu que Nossa Senhora das Dores simboliza para os católicos a dor suportada por Maria com a crucificação do filho. “É claro desrespeito à fé católica, ao apresentar uma mulher não santa, como se santificada fosse”.
Luana rebate a colega e diz que não se trata de uma paródia e, sim, de uma homenagem a Marielle.
“A obra não pretende substituir dogmas ou símbolos da fé católica, tampouco “canonizar” Marielle Franco. Ao invés disso, propõe um diálogo entre o sofrimento da Mãe de Deus, figura arquetípica de dor, resistência e amor e o martírio de mulheres negras e periféricas que, como Marielle, são vítimas da violência do Estado”, afirma Luana.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.