Desde que veio à tona a decisão do governo Nicolás Maduro de impor tarifas de até 77% sobre produtos brasileiros, o silêncio do governo Lula e de lideranças da esquerda nacional chama atenção. Mesmo diante de uma medida que fere acordos comerciais históricos, prejudica exportadores — especialmente de Roraima — e expõe a soberania comercial brasileira, o Palácio do Planalto ainda não se pronunciou oficialmente.

A Venezuela é um dos países mais próximos ideologicamente do atual governo, sendo constantemente defendida por setores da esquerda nacional. No entanto, o gesto hostil de Maduro — que ignora o Acordo de Complementação Econômica nº 59 (ACE-59), assinado com o Brasil em 2014 — não provocou qualquer nota de repúdio, protesto diplomático ou pronunciamento contundente por parte de Lula ou de seus ministros.

“A Embaixada do Brasil em Caracas está apurando, junto às autoridades venezuelanas responsáveis, elementos para esclarecer a natureza da situação, com vistas à normalização da fluidez no comércio bilateral, regido pelo Acordo de Complementação Econômica nº 69 (ACE 69), que veda a cobrança de imposto de importação entre os dois países.”

Acordo foi ignorado, e a cobrança é abusiva

O ACE-59 garante isenção de tarifas para produtos brasileiros, desde que acompanhados de certificado de origem válido — o que tem sido ignorado pelas autoridades venezuelanas. Mesmo com os documentos corretos, exportadores estão sendo cobrados com alíquotas que chegam a 77%, em uma quebra de confiança sem precedentes.

“Se fosse outro país, o governo já teria feito escândalo. Mas como é o Maduro, o silêncio é ensurdecedor”, criticou um analista de comércio exterior ligado ao setor privado.

Venezuela deve bilhões ao Brasil

O caso se torna ainda mais revoltante diante do fato de que a Venezuela está inadimplente com o Brasil desde 2018. Segundo o Ministério da Fazenda, o país vizinho deve mais de R$ 10 bilhões, referentes a financiamentos do BNDES para obras e exportações brasileiras.

Ou seja, o Brasil não recebe da Venezuela, mas agora ainda é punido com tarifas abusivas. E o governo Lula permanece calado.

Até o momento, apenas o MDIC (Ministério da Indústria e Comércio) e o Itamaraty iniciaram tratativas discretas com a Embaixada em Caracas. Também houve mobilização por parte do governo de Roraima e da Federação das Indústrias do estado (FIER), que busca uma saída para a crise.

Mas nenhuma figura de peso do governo federal — incluindo o presidente Lula, o chanceler Mauro Vieira ou o ministro Fernando Haddad — se manifestou publicamente sobre o caso.

Enquanto produtores brasileiros pagam o preço de uma decisão unilateral do regime chavista, o governo Lula segue em silêncio absoluto. A omissão revela não apenas alinhamento ideológico com Maduro, mas também falta de coragem política para defender os interesses comerciais do Brasil quando o agressor é um “aliado”.



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