O procurador-geral da República, Paulo Gonet, impugnou, até o momento, quatro testemunhas indicadas pelas defesas dos réus da trama golpista, sendo que uma delas foi surpreendida com a situação. A impugnação decorre do fato de que essas testemunhas são também investigadas em outros casos, os da “Abin paralela” e das blitze da PRF. Dessa forma, os depoimentos perdem peso.

Aqueles que são investigados têm direito ao silêncio e à não autoincriminação. Por isso, ficam dispensados da fazer o compromisso de falar somente a verdade e, portanto, as declarações podem ser questionadas.

Na última sexta (23), o PGR apresentou a contradita, como é chamado o questionamento de testemunhas, de um dos nomes levados pela defesa do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) durante o governo Jair Bolsonaro (PL).

O alvo foi a indicação de Carlos Afonso Gonçalves Gomes Coelho, que chefiou o Centro de Inteligência Nacional (CIN), que chegou a ser apontado como uma espécie de “Abin Paralela”.

Na terça (27), três das testemunhas indicadas pela defesa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro (PL), foram questionadas por Gonet.

Alessandro Moretti, ex-número 2 da agência, por ser investigado no caso da Abin paralela, além de Djairlon Henrique Moura e Caio Rodrigo Pelim por serem alvos de apurações no caso das blitze feitas pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) nas eleições de 2022 sob suspeita de dificultar o deslocamento de eleitores de Lula (PT).

O delegado da Polícia Federal Caio Rodrigo Pelim disse ter descoberto ser alvo de investigação no momento do depoimento.

Antes do início, o delegado recebeu do procurador-geral a informação de que também é investigado.

“Também o sr. Caio, na condição de investigado na mesma PET que foi referida da última vez em relação a testemunha anterior, embora ele não tenha sido indiciado, pode ter interesse nas perguntas, nas questões que estão sendo suscitadas”, disse Gonet.

A defesa de Torres afirmou que ele não é indiciado e, portanto, a situação seria diferente das demais. Afirmou que ele não é indiciado pela PF, mas apenas foi ouvido no caso, e que esse inquérito já teria sido encerrado. “É uma informação realmente nova que está sendo trazida agora pelo procurador-geral da República”, disseram os advogados.

Pelim era diretor de Combate ao Crime Organizado da PF em 2022 e demonstrou incômodo diante do cenário. “Eu tinha certeza de que falei como depoente e mais nada. Desconheço qualquer investigação contra a minha pessoa”, disse o delegado.

O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, manteve o depoimento, mas disse que a apuração foi prorrogada a pedido da PGR. “Em sendo o Ministério Público o titular da ação penal, não depende, sabemos todos, de eventual indiciamento ou não da Polícia Federal”, afirmou o ministro.

As testemunhas do núcleo central da trama golpista de 2022 são ouvidas até a próxima segunda (2), segundo o cronograma inicial das audiências.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o ex-ministro e senado Ciro Nogueira (PP-PI) estão entre as testemunhas arroladas para prestar depoimento na sexta-feira (30). O general Gustavo Dutra, ex-comandante militar do Planalto, deve ser intimado pelo Supremo para falar na segunda.

A audiência desta quinta previa a participação de Bruno Bianco, Paulo Guedes (Economia), Celio Faria (Secretaria de Governo), Wagner Rosário (CGU) e Adolfo Sachsida (Minas e Energia). O ex-número dois da Advocacia-Geral da União Adler Anaximandro Cruz e Alves também prestaria depoimento.

Guedes, Celio e Adler, porém, faltaram e a defesa de Anderson Torres desistiu do depoimento dos ex-ministros.


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