Favorito para ser o próximo presidente do PT, Edinho Silva defende a mudança na composição do índice de inflação, para que itens de variação sazonal como alimentos, energia elétrica e combustíveis sejam expurgados.
“Quero abrir esse debate no PT para discutir a metodologia adotada, porque hoje ela é injusta com a população mais pobre, que paga um preço altíssimo, para o comerciante que precisa de capital de giro”, diz Edinho, que provavelmente será eleito na consulta interna aos filiados prevista para o começo de julho.
O ex-prefeito de Araraquara, da corrente majoritária Construindo um Novo Brasil, deve estar no comando do partido durante a campanha à reeleição de Lula, no ano que vem.
“Não é correto abafar o consumo popular ao não tirar do índice inflacionário o aumento de preço que seja sazonal, conjuntural, como alimentos, ou energia. Deveria ser mantido apenas aquilo que é inflação causada por fatores estruturais. Várias economias do mundo fazem isso”, declarou. O Fed, banco central dos EUA, é um exemplo de instituição que costuma levar em conta o “núcleo da inflação”.
Para Edinho, se a modificação já tivesse sido adotada, possivelmente a taxa de juros não estaria no atual patamar. A elevação da Selic para 15% pelo Banco Central nesta quarta-feira (18) frustrou os petistas e o governo Lula.
“Ninguém que deseja o crescimento, a melhoria da economia, a redução do endividamento, sobretudo para os setores pequenos e médios, ficou satisfeito com a subida dos juros. Mesmo setores que não têm alinhamento conosco reclamaram”, declarou.
Em declarações públicas, lideranças do PT vêm poupando críticas ao presidente do órgão, Gabriel Galípolo, que assumiu a presidência da autoridade monetária no começo do ano, indicado por Lula. Ele substituiu Roberto Campos Neto, que era sempre acusado de ser bolsonarista.
Para o provável próximo presidente do partido, a relação com Galípolo precisa de um ajuste. “Eu penso que nós do PT temos que sair de uma posição de apoio que estávamos dando e mudar para uma de um voto de confiança, esperando para ver quando esses juros começam a baixar”.
Ele também prometeu “todo apoio à política econômica do presidente Lula”, o que é uma posição diferente da adotada pela ex-presidente da legenda Gleisi Hoffmann, atual ministra das Relações Institucionais. Na gestão dela, o partido chegou a divulgar uma nota criticando o “austericídio” da gestão Fernando Haddad.
Um exemplo de discussão em que o partido deve se engajar é o da redução dos benefícios tributários. “Quando você desonera, é o conjunto da sociedade que está pagando, é quem compra o pão na padaria, o quilo do arroz, a laranja na quitanda. O partido tem de fazer esse debate”.
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