O deputado estadual Lucas Bove (PL-SP) fez um novo pedido à Justiça na última segunda (9) para que sua ex-mulher, a influenciadora Cíntia Chagas, seja proibida de fazer publicações que mencionem acusações de violência doméstica, solicitando sua prisão preventiva em caso de descumprimento.
A comunicadora registrou boletim de ocorrência contra o deputado em setembro de 2024, acusando-o de agressões físicas e psicológicas, o que ele nega. A investigação corre sob sigilo.
Nos autos, aos quais o Painel teve acesso, a defesa da comunicadora fala em tentativa de censura prévia e diz que há uma “estratégia deliberada de revitimização e tentativa de manipular a opinião pública contra a mulher que o denunciou”.
Em paralelo ao inquérito policial, Bove é alvo de um processo de cassação no conselho de ética da Alesp (Assembleia Legislativa de SP). O caso deve ser pautado em breve, mas a expectativa tanto de aliados como de opositores é de que ele seja arquivado, como mostrou a coluna.
Ao cobrar o sigilo, os advogados do deputado citam decisão de 26 de novembro de 2024 que proibiu Chagas de divulgar fatos do processo. Eles dizem que ela a teria descumprido ao compartilhar um vídeo, em 6 de junho, em que descreve situações de abuso “sofridas por mulheres independentes”, em terceira pessoa.
Em resposta protocolada na terça (10), as advogadas de Chagas argumentam que o pedido de prisão “por mera publicação genérica em rede social” causa “espanto e indignação” e lista ocasiões em que o deputado também teria descumprido medidas protetivas e falado publicamente sobre o tema.
A Justiça negou um pedido parecido de Bove cerca de duas semanas atrás. Em 26 de maio, a juíza Carla Santos Balestreri, do Fórum Criminal da Barra Funda, entendeu que não houve “comprovação inequívoca de descumprimento da medida cautelar”, após uma manifestação do Ministério Público no mesmo sentido.
O deputado havia acusado a ex-mulher de ignorar o sigilo também em 5 de maio, em publicações em que ela leiloou seu vestido de noiva e escreveu um texto incentivando mulheres a denunciarem violência doméstica. Ele argumentou que ela tenta manipular seus milhões de seguidores para obter lucro.
A influenciadora também já havia pedido a prisão preventiva de Bove no ano passado, negada pela Justiça em 31 de outubro, por posts nas redes e declaração na tribuna da Alesp (Assembleia Legislativa de SP). A magistrada à época, porém, reconheceu que ele descumpriu medidas cautelares.
Em nota, os advogados do deputado afirmaram que, “a Defesa requereu única e exclusivamente a instauração de inquérito policial para apurar o delito de desobediência, bem como que fosse formulada ressalva de expressa proibição de novas publicações, e não a decretação de prisão preventiva”.
Acrescentaram que “a informação acerca da petição desta defesa não poderia e nem deveria ter sido divulgada publicamente […] e que será alvo de novo requerimento visando buscar a autoria e participação nesse criminoso vazamento”.
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