O sentimento de orgulho de ser brasileiro diminuiu, e o pessimismo em relação ao país aumentou, mostra pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (12).
De acordo com o instituto, 74% dos entrevistados declararam ter mais orgulho do que vergonha de ser brasileiro —em 2023, o mesmo índice estava em 83%. Já os brasileiros que dizem ter mais vergonha do que orgulho da nacionalidade aumentaram de 16% em 2023 para 24% na pesquisa desta semana.
O sentimento de pessimismo em relação ao Brasil atual passou de 47% em setembro de 2023 para 50% em junho de 2025. O índice era de 41% em 2020, o que indica a curva de alta. Já os otimistas diminuíram de 35%, em 2023, para 31% agora.
O Datafolha realizou 2.004 entrevistas em 136 municípios na terça (10) e quarta (11). A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
O menor índice de orgulho de ser brasileiro da série histórica foi registrado em junho de 2017, quando 50% dos entrevistados se declararam orgulhosos, contra 47% que disseram ter vergonha. Aquele período ainda estava quente diante dos protestos recentes pelo país ligados ao impeachment de Dilma Rousseff (PT) e escândalos ligados à Operação Lava Jato.
Já o pico de orgulho foi registrado em novembro de 2010, quando 89% se declararam orgulhosos da nacionalidade. Era a reta final do segundo governo Lula, quando deixou o Planalto com forte aprovação e promovendo a sucessão para a aliada Dilma.
Em 2025, a taxa de orgulhosos é maior entre os eleitores do presidente Lula (PT). Entre os que declararam ter votado no petista em 2022, 85% afirmaram ter mais orgulho que vergonha de ser brasileiro. Esse índice fica ainda maior entre os que afirmam que votarão em Lula em 2026, atingindo índice de 88% de orgulho, contra apenas 10% de vergonha.
Entre os eleitores declarados de Jair Bolsonaro (PL), 65% se declaram mais orgulhosos do que envergonhados, e o sentimento de vergonha fica em 33%. O número se mantém estável entre aqueles que têm intenção de voto no ex-presidente, atualmente inelegível por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal): 64% se declaram orgulhosos, contra 35% envergonhados.
Os números também variam de acordo com a região do país: o Sul tem o menor índice de orgulhosos, com 68%, seguido pelo Sudeste, com 71%. As demais regiões (Norte, Nordeste e Centro-Oeste) aparecem empatadas com 78% de sentimento de orgulho.
O Datafolha também mediu o sentimento de orgulho em relação ao presidente Lula. Os números apontam para um resultado negativo para Lula: 56% dizem ter mais vergonha do mandatário, e 40% mais orgulho.
Na avaliação de 2025, o índice de vergonha em relação ao presidente é maior entre os evangélicos, com 69%. Já entre os católicos a sensação é dividida, com 50% se declarando com vergonha e 47% com orgulho do petista.
Os números são bem piores para o presidente do que na última vez em que a mesma pergunta foi realizada pelo Datafolha, em 2005. Naquele ano, apesar da proximidade com o escândalo do mensalão, que estourou apenas um mês antes de a pesquisa ser realizada, 54% dos brasileiros diziam ter orgulho do petista como presidente, enquanto 36% declaravam ter vergonha.
O sentimento em relação a Lula é substancialmente mais positivo entre os brasileiros com escolaridade até o ensino fundamental, com 55% se declarando orgulhosos, contra 34% daqueles com ensino médio e 36% dos que têm ensino superior.
De acordo com o Datafolha, também subiu o pessimismo em relação ao Brasil atual. O pico de pessimismo registrado ocorreu em outubro de 2018, logo antes do primeiro turno das eleições presidenciais, batendo em 58%.
Em 2025, os dados mostram um país polarizado, com a sensação de otimismo e pessimismo atrelada à preferência entre Lula e Bolsonaro. Entre os eleitores declarados do atual presidente, 47% têm sentimentos otimistas em relação ao país, índice que cai para 18% entre os apoiadores de Bolsonaro.
Já 68% daqueles que declaram intenção de voto em Bolsonaro em 2026 afirmaram sentir raiva quando pensam no Brasil, contra 37% dos potenciais eleitores de Lula.
Os sentimentos que predominaram entre as respostas dos brasileiros em relação à situação atual do país são os negativos. A insegurança foi a campeã, com 73% declarando esse sentimento, contra apenas 26% que se dizem seguros.
O desânimo também aparece em taxas maiores (64%) do que a animação (35%), e a tristeza (63%) sobre a felicidade (34%). Mais divididos estão os números de esperança (45%) e medo (54%), e os de raiva (55%) e tranquilidade (42%).
O medo do futuro, em especial, atingiu seu maior patamar na série histórica, chegando a 63%. O índice vem aumentando desde 2020, quando estava em 57%. Já os confiantes com o que está por vir decaíram, indo de 41% há cinco anos para 35% na nova pesquisa.