Aliados do presidente Lula (PT) atribuíram à crise do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) a estagnação da recuperação da popularidade dele, conforme registrado pelo Datafolha.
Embora apostem na melhora da avaliação do governo, eles reconhecem que esse processo poderá ser lento e, na palavra de um deles, até sofrido. A adoção de medidas populares e a economia seriam trunfos para essa retomada da aprovação.
Segundo o Datafolha, reprovam o petista 40%, ante 28% que o aprovam —mantendo, em relação ao índice de ruim ou péssimo, o pior patamar registrado pelo petista em seus três mandatos.
Na rodada anterior, no começo de abril, 38% reprovavam Lula, ante 29% que o julgavam ótimo ou bom. Era uma boa notícia para o governo, diante da sangria registrada no tombo de fevereiro, quando o Datafolha havia aferido 41% de reprovação e 24% de aprovação.
Auxiliares do presidente lembram que o escândalo do INSS interrompeu uma trajetória de resgate da aprovação do governo, abalada pela crise provocada por disseminação da falsa versão sobre taxação do Pix. Esses aliados de Lula afirmam que conseguiram deter maior desgaste na imagem do petista.
Eles ressaltam a avaliação do governo no Nordeste. Um ministro enfatiza a oscilação positiva no eleitorado de baixa renda e lamenta que a sucessão de crises impeça a catalisação das ações do governo, mas afirma considerar que os números da pesquisa não são ruins.
Líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE) aponta como natural essa estabilização após o enfrentamento de crises. Ele defende que o presidente e o PT se dediquem à construção de uma aliança com a centro-esquerda e setores da centro-direita. “Agora, é pé na estrada.”
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, também recomenda que Lula vá para as ruas. Segundo ele, depois de adversidades, essa estabilidade “até que é boa”. “Se ele for para as ruas, falar com trabalhadores, mulheres, nordestinos, com quem fala até dois salários-mínimos, mostrar o que fez, tenho certeza que a gente recupera até o fim do ano”, disse Lindbergh.
Líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA) afirma que, com a estabilização da avaliação do governo em uma margem de 40%, Lula é candidato com muita possibilidade de vitória. Ele diz ainda que, durante uma campanha, o ambiente é outro e “as pessoas começam a ouvir verdades”. “Se você perguntar se eu gostei, obviamente que não. Gostaria que estivesse em 70%. Mas não tira meu sono.”
O presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), afirmou que o presidente está colhendo o que plantou. “Plantou rejeição, plantou reprovação e está recebendo de volta. A pesquisa confirma o que o ‘datapovo’ mostra nas ruas: Lula 3 é o pior de todos. E só começou a derreter.”
A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) disse que a reprovação do governo será maior. Ela disse acreditar que a crise do INSS contribuiu muito para a queda, mas que fatores econômicos foram decisivos.
Um parlamentar que compõe a aliança governista disse que a pesquisa mostra uma estabilidade, mas sem viés de alta.