O que acontece hoje no Nepal deveria soar como um alerta vermelho para o Brasil. Em setembro de 2025, o governo nepalês decidiu bloquear 26 redes sociais, incluindo Facebook, Instagram e X. O resultado foi imediato: uma onda de protestos liderados pela Geração Z, que transformou a capital Kathmandu em palco de revolta, com 19 mortos, centenas de feridos, prédios incendiados e a renúncia do primeiro-ministro K. P. Sharma Oli.
A tentativa de controlar a internet e limitar a liberdade de expressão se voltou contra o próprio governo. Ao invés de sufocar a crítica, a censura acendeu uma indignação coletiva que paralisou o país e expôs a fragilidade de sua democracia.
O paralelo com o Brasil
No Brasil, embora o contexto seja diferente, os debates sobre regulação de plataformas digitais, censura de conteúdos e controle de informação vêm ganhando espaço. O episódio do Nepal demonstra com clareza o risco de medidas autoritárias: um governo que tenta calar a sociedade digital encontra resistência imediata, sobretudo dos jovens.
Assim como em Kathmandu, a juventude brasileira vive conectada, politizada e desconfiada das elites. Uma restrição às redes sociais teria potencial para incendiar não apenas as ruas, mas também a credibilidade das instituições.
O perigo da repetição
A crise nepalesa mostra que a censura não garante estabilidade — pelo contrário, abre caminho para convulsões sociais, perda de legitimidade e até para cenários de colapso político. Se um país marcado por raízes comunistas e um histórico de guerra civil já sofre para sustentar sua democracia, o Brasil, com sua polarização crescente, não pode ignorar os sinais.
O futuro sombrio que se desenha no Nepal serve como um espelho incômodo: quando governos tentam controlar a voz popular, a resposta pode vir em forma de ruptura.
A democracia brasileira precisa estar atenta. O caminho não é silenciar, mas fortalecer a liberdade, a transparência e a confiança social.