Entidades e grupos ligados à pesquisa têm exigido a saída do presidente do Inpi (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), Júlio Castelo Branco, após o afastamento de uma servidora responsável por criar um comitê de diversidade no órgão.

A funcionária é Larissa Ormay, que estava lotada na coordenação de Relações Internacionais. Internamente, a saída dela foi atribuída à criação do comitê, em 2021, e com a qual Castelo Branco teria implicado.

Funcionários do Inpi ouvidos pelo Painel relataram que Larissa foi avisada de seu afastamento no dia 10 de junho. Todo o trâmite ocorreu, ainda segundo os relatos, em uma reunião presencial, sem registros por escrito, e na qual a servidora foi instruída a recolher seus pertences, devolver o notebook funcional e deixar o local. Os acessos aos sistemas internos, o que inclui o email institucional, foram bloqueados.

Segundo o Inpi, Larissa não foi demitida, mas sim devolvida ao seu órgão de origem –servidora do Ministério da Gestão, ela havia sido cedida ao instituto em 2019. O instituto disse ter solicitado o retorno dela à pasta de origem por “decisão institucional”, sem especificar os motivos.

A saída de Larissa motivou uma série de críticas à presidência do Inpi. Um manifesto, encabeçado pela RBMC (Rede Brasileira de Mulheres Cientistas), cita uma “grande crise democrática” no órgão e afirma que o afastamento “gerou um mal-estar crescente entre os servidores”, em especial por não ter sido justificado pela presidência.

“O que parece existir é um ‘DEI washing’, isto é, apenas uma maquiagem de Diversidade e Inclusão sem um real compromisso de transformação. Nas últimas semanas, esse processo culminou no afastamento da servidora que fundou o comitê. O mais estranho é que esse afastamento se deu sem qualquer processo burocrático ter sido aberto, gerando um clima de tensão na instituição”, afirma o manifesto.

Por lei, decisões administrativas devem ser explicadas e, em caso de descumprimento, podem caracterizar como improbidade administrativa pelos gestores.

O documento conta com 37 assinaturas e inclui nomes de pesquisadores, representantes da UNE (União Nacional dos Estudantes) e da Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) e de comitês de diversidade ligados à área de pesquisa.

Em nota, o Inpi afirmou estar analisando os procedimentos adotados na saída da servidora, “com o objetivo de identificar eventuais aspectos que demandem correção e, se for o caso, adotar as medidas cabíveis”.

Aos colegas, segundo apurado pelo Painel, Larissa alegava perseguição por parte de Castelo Branco desde 2021, quando ela, em parceria com outra colega, propôs a criação do comitê de diversidade no órgão. Na ocasião, Castelo Branco, então diretor de administração, teria implicado com a formação do grupo e se recusado a colaborar.

O Inpi negou que o afastamento de Larissa tenha relação com a atuação do comitê de diversidade. “Nesse contexto, o Instituto mantém o compromisso com a legitimidade do órgão colegiado, que funciona de maneira consultiva e propositiva, de forma democrática e transparente, com eleição periódica de seus membros (a última realizada em 2024) e decisões colegiadas”, diz.


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