A tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos ganhou força após Washington impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Em resposta, o governo Lula acionou a Lei de Reciprocidade Econômica (Lei nº 15.122/2025) e já colocou a Câmara de Comércio Exterior (Camex) para avaliar contramedidas. O movimento abre espaço para tarifas sobre produtos americanos, restrições a investimentos e até revisão de patentes.

Mas o que isso significa para o Pará e a região de Carajás, onde estão os maiores polos de mineração do país?

Mineração: dependência crescente da China

As exportações de ferro, cobre, níquel e manganês da região de Carajás têm como destino central a China, não os EUA. Assim, não há impacto direto das tarifas americanas. Porém, a crise pode forçar o Brasil a estreitar ainda mais sua dependência de Pequim, aumentando o risco de pressão chinesa por preços mais baixos, o que afetaria a arrecadação de royalties (CFEM) em cidades como Parauapebas e Canaã dos Carajás.

Agro e pecuária: espaço para o Pará crescer

A expansão da produção de soja, milho e carne bovina no sudeste paraense pode se tornar uma vantagem. Se o Brasil retaliar restringindo ou sobretaxando trigo e milho dos EUA, produtores paraenses ganham mais espaço no mercado interno. Frigoríficos instalados em Marabá e Redenção também podem se fortalecer diante de eventual perda de competitividade da carne americana.

Tecnologias e maquinários: ponto sensível para Carajás

Esse é o setor que pode trazer impacto imediato.

  • Equipamentos de mineração (escavadeiras, perfuratrizes, sistemas de transporte e softwares de automação) são, em grande parte, fornecidos por empresas americanas ou que usam tecnologia dos EUA.
  • Se o Brasil aplicar tarifas ou restrições, o custo operacional das mineradoras em Carajás pode subir, pressionando empresas como Vale e fornecedores locais.
  • Alternativas chinesas e europeias podem ganhar espaço, mas a transição pode ser lenta e cara.

Empresas americanas podem perder contratos

Além do setor mineral, empresas dos EUA que atuam em energia, tecnologia e logística no Pará podem ver portas se fecharem. Projetos de infraestrutura portuária, linhas de transmissão e fornecimento de softwares podem ser redirecionados para concorrentes da China e da União Europeia.

Produtos americanos no dia a dia — de eletrônicos a medicamentos patenteados — também podem encarecer. No Pará, onde o acesso a tecnologias de ponta já enfrenta barreiras logísticas, isso pode se refletir em preços ainda mais altos para o consumidor final.



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