Não há provas de que Fábio Vaz de Lima, marido da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, seja dono de serrarias clandestinas no Pará ou esteja envolvido com contrabando de mogno na região Norte, diferentemente do que sugere um post que voltou a circular nas redes sociais. A publicação resgata acusações antigas e sem comprovação, apresentando-as como se fossem fatos atuais e confirmados.
O boato, como verificado pelo Comprova, remonta a um episódio ocorrido em maio de 2011, durante discussões no Senado sobre o Código Florestal. Na ocasião, o então deputado Aldo Rebelo (PCdoB) acusou o marido de Marina de envolvimento com contrabando de madeira. A acusação foi uma reação a uma crítica feita por ela no antigo Twitter. No dia seguinte, Marina convocou uma coletiva para rebater as acusações, que classificou como “levianas e infundadas”. O próprio Rebelo recuou, dizendo ter falado “de cabeça quente” e prometeu que ligaria para se desculpar.
As acusações feitas por Aldo Rebelo se baseavam em uma investigação do TCU (Tribunal de Contas da União), que apurou a doação de quase 6.000 toras de mogno apreendidas na Amazônia para a ONG Fase, por meio de convênio com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Em nota oficial, divulgada em 2011, Marina disse que o vínculo de Fábio Vaz de Lima era indireto, pois ele trabalhou no GTA (Grupo de Trabalho Amazônico), rede à qual a ONG era ligada, mas havia deixado o grupo em 1999. A Fase é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, e hoje atua em seis estados brasileiros, tendo sua sede nacional no Rio de Janeiro. De acordo com o seu site oficial, a ONG “esteve comprometida com o trabalho de organização e desenvolvimento local, comunitário e associativo” desde as suas origens.
Marina Silva, por sua vez, pediu formalmente que o Ministério Público Federal investigasse o caso. Em 23 de julho de 2013, o então procurador-geral da República, Roberto Gurgel, arquivou o processo por falta de provas. A decisão diz que “quanto às acusações feitas contra Fábio Vaz de Lima, não há um único elemento que confira foros de verossimilhança aos fatos noticiados pela imprensa”.
Por que investigamos?
O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Sugestões e dúvidas relacionadas a conteúdos duvidosos também podem ser enviadas para a Folha pelo email folha.informacoes@grupofolha.com.br.
Leia a verificação completa no site do Comprova.
A apuração desse conteúdo foi feita por Folha e Jornal do Commercio e publicada em 4 de junho pelo Projeto Comprova, coalizão que reúne 41 veículos na checagem de conteúdos virais. Foi verificada por AFP, Correio Braziliense e Estadão.