Basta uma oscilação na arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) para reacender em Parauapebas aquele velho pensamento catastrófico: “a cidade está em crise”. De repente, surgem placas de “vende-se” e “aluga-se” em tudo quanto é canto, como se o fim estivesse próximo. E sempre tem quem entre na onda, venda imóveis, mude de cidade… e quando tenta voltar, já não dá mais conta de comprar o que vendeu.

Mas calma. Nem tudo é o que parece  e como se diz por aí, “antes de falar, é bom olhar os dados”. Foi o que eu fiz. Fui direto à fonte, à raiz do assunto, lá nos registros da Agência Nacional de Mineração (ANM), e trouxe os números para a conversa.

Parauapebas arrecadou com a CFEM os seguintes valores em 2025: R$ 77.548.671,29 em janeiro, R$ 72.470.272,11 em fevereiro, R$ 50.891.794,43 em março e R$ 31.594.892,67 em abril. Sim, há uma queda visível. Mas também é natural: a mineração é um setor altamente sensível às variações do mercado global. Nem tudo que cai está desmoronando.

Além disso, há um novo pano de fundo sendo desenhado, e nele, Parauapebas continua como protagonista. A cidade acaba de ser confirmada como sede da maior fábrica de cimento sustentável do mundo, um projeto que pode mudar não só o mercado de trabalho local, mas também colocar a região como referência internacional em inovação ambiental na indústria pesada, como noticiado em primeira mão pelo Portal Canaã.

E tem mais. A Vale anunciou recentemente o projeto Novo Carajás: um investimento de R$ 70 bilhões até 2030 para ampliar a produção de minério de ferro e cobre. Um projeto que vai fortalecer toda a cadeia econômica regional e manter Parauapebas no centro das atenções nacionais e internacionais.

A cidade, é verdade, foi entregue à nova gestão com uma série de desafios. Mas é inegável que há um esforço técnico em curso. A equipe do prefeito Aurélio Goiano vem promovendo uma reorganização administrativa perceptível. Até as fachadas dos prédios públicos parecem refletir essa mudança.

Outro bom sinal? Parauapebas hoje abriga pelo menos quatro faculdades com cursos como Psicologia, Direito, Nutrição, Medicina Veterinária e Enfermagem. As avenidas nos bairros, cheias de vida e comércio pulsante, parecem mais com as vias centrais de muitas pequenas cidades.

A combinação entre a força natural da região e um choque de gestão pública pode transformar Parauapebas e Canaã dos Carajás em duas das melhores cidades para se viver no Pará. Mas é preciso visão. E calma. Porque oscilar não é o mesmo que cair  e quem vende tudo na baixa, muitas vezes, se arrepende quando o ciclo virá de novo.



Source link

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui