Belém reencontra seu brilho com a COP 30


Belém sempre teve cheiro de chuva e cheiro de vida. A cidade que mistura o verde das mangueiras com o cinza do asfalto aprendeu, ao longo das décadas, a conviver com os alagamentos, o trânsito e o improviso. Mas, de uns tempos pra cá, algo mudou no ar e não é só o vento úmido que sopra da baía. É um sentimento novo de pertencimento, de que a capital paraense enfim reencontra o próprio brilho.

A COP 30 chegou antes mesmo de começar. Chegou na pressa das obras, nos tapumes que cercam avenidas, nas conversas de quem sonha com uma Belém diferente. Chegou no olhar curioso de quem, de repente, vê sua cidade nas manchetes do mundo. E chegou, sobretudo, na esperança de que o Pará, tantas vezes esquecido, finalmente vire vitrine não de problemas, mas de soluções.

Sob o comando do governador Helder Barbalho, a cidade se transformou em um grande laboratório de futuro. Ruas foram abertas, canais ganharam drenagem, avenidas foram alargadas, e o Ver-o-Peso símbolo máximo da identidade paraense e prepara para receber visitantes de todas as partes do planeta. Até o BRT, que por anos parecia sonho distante, começa a mudar o jeito de se locomover pela metrópole amazônica.

É curioso: a COP 30 é sobre o clima, mas acabou mexendo mesmo foi com o humor da cidade. O paraense, que costuma rir dos próprios tropeços, agora se pega orgulhoso. “Tá vendo? É aqui que o mundo vai falar de meio ambiente”, diz o vendedor de açaí, ajeitando o motor do barco. E há razão pra tanto entusiasmo: é a primeira vez que a conferência global do clima será realizada na Amazônia e Belém será o palco.

Ainda há poeira, buracos e atrasos, claro. Mas há também algo que não se mede em porcentagem de obra concluída: a sensação de que a cidade entrou no mapa da esperança. E que, entre um tacacá e outro, o mundo poderá descobrir que sustentabilidade também tem sotaque, cheiro de cupuaçu e cor de rio.

Belém, antes acostumada a olhar pro chão pra desviar das poças, agora ergue o rosto pro mundo. A COP 30 ainda nem começou, mas já fez o que muitos governos e décadas não conseguiram: reacender o orgulho de ser da Amazônia.



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