Em Parauapebas, o poder tem lá seu encanto. Basta sair para já pensar em voltar. Mas não se engane: quem deixou a cadeira dificilmente encontra ela do mesmo jeito. O caminho de volta é estreito, e qualquer mudança na gestão fecha ainda mais a porta.
Aurélio Goiano parece entender isso muito bem. Por isso, enquanto alguns tentam antecipar candidaturas com promessas genéricas, ele mergulha no presente com uma estratégia política e administrativa que pode ditar os rumos do futuro: o Plano Plurianual (PPA). Desde domingo (6), o governo colocou o pé na rua e não foi com formulário de Google. A ordem de Aurélio parece clara: “vamos cair pra dentro dos bairros e ouvir o povo de perto”.
Serão oito dias de escuta ativa em regiões urbanas e rurais com carros de som convidando o povo para participar. Nada de gabinete refrigerado: a equipe do governo e o próprio prefeito estão indo onde o povo está. A proposta é simples, mas poderosa: ouvir para planejar. Ouvir para decidir onde o dinheiro público deve ser investido. Ouvir para entender, de fato, quais são as urgências de cada canto da cidade.
O PPA, com validade de quatro anos, não é um detalhe técnico é o coração da gestão pública. E Aurélio sabe disso. Trata-se do documento que estrutura as ações de médio prazo, garantindo coerência entre os discursos e os investimentos. É também a oportunidade de costurar compromissos com a população que vão muito além do marketing eleitoral.
E aqui vai um aviso para quem pensa que é só ganhar a eleição e sentar na cadeira: aproveitem, porque pegar uma cidade no primeiro ano de gestão com queda na arrecadação não é fácil. É o momento mais desafiador, de ajustar as contas, reorganizar prioridades, conter expectativas. Mas a partir do segundo ano, se tiver competência, pode voar alto.
Num município marcado por promessas não cumpridas e projetos que nem saíram do papel, Aurélio Goiano aposta que três anos de gestão coerente podem fazer história e, de quebra, manter muita gente na geladeira política reclamando do calor.
Se vai dar certo, é cedo pra dizer. Mas uma coisa é clara: enquanto uns ainda estão desenhando narrativas de retorno, Aurélio Goiano está nas ruas, ouvindo e construindo o presente. Porque quem entende o peso do agora tem mais chance de comandar o depois.