No Hospital Regional do Sudeste do Pará, a paciente decidiu retirar os cabelos durante o tratamento e foi acolhida com empatia por profissionais e familiares
Por Ascom (Governo do Pará)
16/06/2025 15h00
Para muitos, cortar o cabelo é apenas uma questão estética. Para Antônia Hilda, 50 anos, moradora de Marabá, na região de Carajás, foi um ato de coragem. Internada no serviço de oncologia do Hospital Regional do Sudeste do Pará – Dr. Geraldo Veloso (HRSP), ela decidiu, nesta segunda-feira (16), retirar os fios antes de caírem por causa da quimioterapia, encarando de frente um dos efeitos sensíveis do tratamento contra o câncer.
“Não queria esperar o cabelo cair aos poucos, dia após dia, devido a quimioterapia, como se eu estivesse perdendo o controle. Preferi dar adeus de uma vez só, com a cabeça erguida. E, para minha surpresa, não foi um momento de dor, mas de acolhimento. Me senti respeitada, abraçada. Me deu força para continuar lutando”, contou.
Com um sorriso sereno, a paciente oncológica ainda completou. “Agora vou escolher meus lenços com carinho, não como uma obrigação, mas como parte de uma nova fase da minha vida. Cada um deles vai contar um pedacinho da minha história, da minha força. Vou seguir em frente com fé, coragem e muita vontade de viver”, explicou Antônia.
Um corte marcado por emoção e empatia – O gesto de Antônia foi acolhido com sensibilidade pela equipe do hospital, que transformou o momento em um ato de cuidado. A ação teve o apoio do cabeleireiro Mathias Silva, que realiza regularmente voluntariado na unidade do Governo do Pará.
“Cada fio de cabelo que cai carrega uma história, uma luta. Ajudo essas mulheres a se reencontrarem no espelho, a reconhecerem sua beleza, sua força. É sobre resgatar a autoestima e lembrar que continuam lindas mesmo no meio da batalha”, disse Mathias.
Durante o corte, Antônia estava envolta por olhares de apoio e admiração. Ao seu lado, a filha e os profissionais da saúde acompanhavam a cena em silêncio, visivelmente emocionados. Não era tristeza. Eram lágrimas de orgulho e profunda empatia diante da coragem com que aquela mulher enfrentava o tratamento, digna e inspiradora.
Luciana da Silva, filha de Antônia, não conseguiu conter o choro durante a iniciativa. “Ver minha mãe naquela cadeira, com tanta coragem, me quebrou por dentro e me fortaleceu ao mesmo tempo. Eu chorei muito, mas era de orgulho. Ela me ensinou ali o que é enfrentar a dor com dignidade. Nunca vou esquecer esse dia”, disse, emocionada.
A enfermeira Mirelly Rosa, responsável pelo serviço de oncologia na unidade, destacou a importância da ação. “Mais do que tratar uma enfermidade, cuidamos de quem enfrenta uma batalha diária com uma coragem que nos inspira. Ver a Antônia tomar essa atitude tão digna e serena, lembra que estamos aqui para acolher, fortalecer e garantir que ninguém se sinta invisível ou sozinho”, explicou a profissional.
Comovida, a técnica de enfermagem Antônia Dias, que além do nome compartilha com a paciente a sensibilidade no olhar, enfatizou. “Tenho o mesmo nome que ela, e isso, de alguma forma, me faz sentir conectada à sua história. Estar ao seu lado nessa caminhada, é um privilégio e um aprendizado diário, pois sua força nos inspira”, ressaltou.
Cuidado que acolhe por inteiro – No hospital sob gestão do Instituto de Saúde Social e Ambiental da Amazônia (ISSAA), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), o tratamento oncológico vai além dos protocolos médicos, é também um compromisso com o afeto, o respeito e o fortalecimento emocional de cada paciente. A história de Antônia revela esse olhar, onde cada gesto, como cortar os cabelos, é tratado com a dignidade que merece.
No serviço de oncologia, uma equipe multiprofissional formada por médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais, atuam de forma integrada para garantir não apenas o controle da doença, mas o bem-estar físico e emocional dos pacientes.
“Sabemos que a luta contra o câncer não se dá apenas no corpo, mas também na alma. Por isso, oferecemos um suporte que reconhece o ser humano por completo, com suas dores, medos, memórias e esperanças”, explicou o diretor executivo Flávio Marconsini.
O diretor ainda ressaltou que, cada paciente traz consigo uma história única, que merece ser ouvida e respeitada. “Nosso papel é estar ao lado, oferecendo não só tratamento, mas também presença, empatia e caminhos para que a vida siga, mesmo nos dias difíceis”, enfatizou.
Com estrutura moderna, o serviço de oncologia oferece consultas em diversas especialidades, além de sessões de quimioterapia e cirurgias oncológicas. O setor dispõe de sala de quimioterapia com 10 poltronas e 20 leitos destinados à internação de pacientes.
Perfil: Os serviços no Hospital Regional do Sudeste do Pará são 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A unidade conta com 135 leitos, sendo 97 de internação clínica e 38 nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) – Adulto, Pediátrica e Neonatal.
Texto: Ederson de Oliveira