Os pais do estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, 22, morto com um tiro por um policial militar em novembro do ano passado, vão à ONU (Organização das Nações Unidas) com o propósito de fazer denúncias contra a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Julio Cesar Acosta Navarro e Silvia Mônica Cardenas Prado vão apresentar o caso do seu filho, com fotos e vídeos, na 59ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos, realizada entre os dias 16 de junho e 9 de julho em Genebra, na Suíça.
“Iremos fazer denúncias por homicídio qualificado, racismo, xenofobia, tortura, associação criminosa. Uma constelação de crimes contra meu filho”, diz Julio.
“O último curso para apelar é à ONU, como o Tarcísio já disse de uma forma muito insensível. Podem ir à ONU, na Liga da Justiça. Estou abrindo mão do meu trabalho para reivindicar justiça pelo meu filho”, prosseguiu o pai.
Na época, Tarcísio disse que lamentava a morte do jovem e disse que o ocorrido não era condizente com a conduta que se espera da polícia do estado de São Paulo.
Peruanos e naturalizados no Brasil, Julio é médico cardiologista e professor da USP e Silvia é médica intensivista.
O médico reclama que, no momento de dor pela morte do filho, sentiu como uma afronta as declarações do secretário de Segura Pública, Guilherme Derrite.
Semanas depois do assassinato do estudante, Derrite, que vinha sendo questionada pela escala de casos de violência policial, disse que pequena parte da sociedade se incomodava com o êxito do bem contra o mal.
“O secretário [Guilherme] Derrite, o governador Tarcísio nunca nos pediram desculpas, em nenhum momento nos procuraram. O Tarcísio lamentou em duas ocasiões, nas redes sociais e numa entrevista. Lamenta, mas não move nenhum dedo para fazer justiça”, diz Julio.
“Apesar de dizer que lamenta, os policiais que mataram meus filhos já estão liberados para trabalharem nas ruas. Vamos falar de toda a violação que cometeram desde o crime, as falhas na investigação, a Justiça que sentou em cima do processo”, reclama o médico.
A Folha mostrou, na segunda-feira (9), que os soldados Guilherme Augusto Macedo e Bruno Carvalho do Prado já retomaram suas funções. Macedo foi quem atirou no estudante de medicina.
A Polícia Civil e o Ministério Público pediram a prisão de Macedo, o que foi negado pela Justiça. O processo aguarda uma decisão da segunda instância.
O Inquérito Policial Militar foi concluído e remetido para o Tribunal de Justiça Militar. A conclusão da apuração interna foi a de que houve homicídio. Há ainda um procedimento administrativo para apurar possíveis transgressões de conduta dos envolvidos.
“A volta deles ao trabalho é a inegável cumplicidade da alta cúpula militar e do estado de São Paulo, que é conivente com o crime contra meu filho”, diz a mãe do jovem.
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