Muito se fala sobre a crise. Sobre o aperto, a queda na arrecadação, a desaceleração do minério. Mas pouco se fala da esperança daquela que resiste mesmo quando os números assustam. E em Parauapebas, 2025 tem sido o ano que desafia a lógica do discurso fácil do pessimismo.
A arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) despencou. Os dados são claros: até maio deste ano, o município arrecadou R$ 275,5 milhões, uma queda de 37% em relação ao mesmo período de 2024, quando a cifra foi de R$ 436,9 milhões. O impacto é direto, e os motivos são conhecidos: o preço do minério de ferro caiu, a produção reduziu, e o cenário global não favoreceu o mercado que sustenta boa parte da economia local.
Mas e a cidade? Parou?
Não. E isso é o mais surpreendente.
Mesmo com menos recursos, as máquinas continuam nas ruas, e não apenas para fazer figuração. A operação tapa-buraco avançou como há tempos não se via. As escolas estão passando por reformas, e bairros que antes dependiam de caminhão-pipa agora veem água chegar pelas torneiras. Em meio à retração, há sinais concretos de que algo diferente está acontecendo.
Outro exemplo vem do setor da construção civil, que segue aquecido principalmente no Bairro Cidade Jardim, onde nas avenidas Ipê e Buriti o que se vê são construções em cima de construções. Prédios que estavam parados há anos voltaram para a fase de acabamento, retomando obras. A movimentação nas calçadas e o som das betoneiras dão um recado claro: tem gente apostando na cidade, mesmo em tempos difíceis.
Isso mostra que Parauapebas pode e talvez deva começar a escrever uma nova narrativa: a de que não precisa estar com o caixa transbordando para funcionar bem. De que é possível fazer mais com menos. E de que, quando as “vacas gordas” voltarem e elas sempre voltam a cidade tem potencial para ser uma das melhores do Brasil.
O recado é simples, mas poderoso: se conseguimos avançar no aperto, imagine o que poderemos fazer na abundância, com planejamento, responsabilidade e foco no essencial.
A queda da CFEM é um alerta. Mas a reação da cidade é uma promessa.
Parauapebas vive um daqueles raros momentos em que a crise não apaga a esperança apenas prova que ela pode resistir e até florescer no asfalto recém-refeito, na escola com nova pintura, na água limpa que corre onde antes só havia poeira. E agora, também, nos andaimes que voltam a subir, mostrando que a cidade ainda constrói seus próprios caminhos mesmo em tempos de escassez.